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chica-40Há mais de 50 anos deixei a Amazônia, mais precisamente o Acre. E fi-lo com o coração partido, mas alegre, cheio de esperanças.

Garanti à minha mãe – dona Raimundinha, que fazia e vendia, num tabuleiro humilde, o melhor chá-de-burro, o conhecido munguzá da cidadezinha -, que voltaria formado, anelão no dedo do Sul maravilha, cheio de lero-lero, para orgulho dela, e a ajudaria.

Ela nunca mais venderia mingau nas noites de chuva e frio da cidade.

Ela riu – riso de mãe, inesquecível – estávamos sentados nos degraus  envelhecidos de nossa humilde e deliciosa casinha.

– És igual ao teu pai. Não voltará…

Na ocasião, por jovem, não pude perceber sua tristeza, somada a uma escondida dor.

Chica, neta dela, mais de 60 anos depois, retorna ao mundo, EUA,  também prometendo voltar. Fará, imagino, o que fiz com sua vó? Se o fizer será o troco das trapaças da vida.

Só agora, com essa nova partida, pude, de verdade, sentir a tristeza e a dor de dona Raimundinha, minha mãe.

 

 

 

 

 

 

 

11 pensamentos em “Até logo que virou adeus

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